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“A marca de um território é mais do que uma imagem apelativa”

Ajudar a consolidar as bases de um território de forma estruturada e sustentável é ao que se propõe o CEIT – Centro Estratégico de Inovação Territorial liderado por Cristóvão Monteiro.  Apoiar o desenvolvimento de projetos e soluções nas mais diversas áreas que dinamizem o desenvolvimento dos territórios é apenas um dos vastos propósitos dos projetos do CEIT.

No que consiste o CEIT – Centro Estratégico de Inovação Territorial?

O CEIT – Centro Estratégico de Inovação Territorial é uma organização de base científica e tecnológica focada em estratégia, investigação e desenvolvimento territorial. Assenta a sua missão no estudo, definição  estratégica e implementação de projetos que potencializem a competitividade dos territórios através de abordagens inovadoras e da valorização das suas identidades , atributos e talentos. Procuramos acima de tudo ajudar as instituições com quem trabalhamos a criar valor e dimensão a vários níveis, associando recursos distintivos e conferindo-lhes um posicionamento estratégico.

Atualmente a competitividade territorial é extremamente dinâmica e torna-se imperativo que nós, enquanto país, sejamos capazes de estruturar bases sólidas de crescimento. Estudar um território é hoje mais complexo e diversificado, o mundo está em constante mutação e a maneira como vivemos e nos relacionamos é completamente diferente do que era há 10 ou 20 anos. Nesse sentido, procuramos acompanhar as mudanças de paradigma, reinventando-nos e reestruturando o nosso modo de pensar, projetar e trabalhar para apoiar no desenvolvimento territorial. A competição é cada vez mais global e, no nosso ponto de vista, para crescer, um território necessita de consolidar as suas bases para que se consiga diferenciar e criar riqueza para quem vive, estuda, investe, visita ou trabalha.

Foi nessa base que, desde a nossa criação, assumimos como propósito essencial estruturar uma oferta que permitisse apoiar os territórios nesse desígnio, provocando a sua transformação positiva ao nível do branding territorial e desenvolvimento estratégico, procurando munir os mesmos de ferramentas e instrumentos de sucesso, individualizados de acordo com a sua especificidade, valorizando as identidades, estimulando os sentidos de pertença, trabalhando a geração de valor acrescentado nos produtos locais, no desenvolvimento de recursos de comunicação, no alinhamento estratégico da oferta turística e de iniciativas de atração de novos residentes e de investimento, sempre numa base de proximidade com as populações e os agentes locais.

Em suma, procuramos acima de tudo desenvolver projetos e soluções que de alguma forma imprimam ritmo e desenvolvimento nos nossos territórios, tendo como metodologia base a construção de marcas territoriais consolidadas e influentes. Esta abordagem obriga-nos a reunir conhecimento sólido em vários domínios tendo como foco a melhoria da qualidade de vida, a captação de dinâmicas de investimento, a valorização da cultura e o desenvolvimento de novas manifestações criativas, a promoção das condições de atratividade, entre outras.

Branding territorial, Marketing territorial, Desenvolvimento de marca territorial, Posicionamento de marca territorial Identidade de marca local Comunicação de marca territorial Estratégias de marketing local Atração de investimentos locais Turismo e marketing territorial Gestão de território, Place Branding, Diferenciação territorial, Branding de cidades/regiões, Marketing de destino, Promoção de áreas geográficas, Atratividade territorial, Engajamento da comunidade local, Gestão da reputação territorial, Vantagem competitiva local, Marca coletiva de uma região, Storytelling territorial

“A competição é cada vez mais global e, no nosso ponto de vista, para crescer, um território necessita de consolidar as suas bases para que se consiga diferenciar e criar riqueza para quem vive, estuda, investe, visita ou trabalha.”

 

Que entidades podem solicitar os vossos serviços de assessoria técnica e científica? 

Desde a nossa fundação, o CEIT tem pautado a sua ação pela proximidade com todas as entidades que de alguma forma interajam diretamente com o território e visem o seu desenvolvimento, sejam elas Municípios, Associações de Desenvolvimento Local, Comunidades Intermunicipais, Estruturas de Desenvolvimento Regional ou Entidades Governamentais. Não obstante, também temos trabalhado com algumas empresas privadas no apoio ao nível do desenvolvimento estratégico e organizacional.

Quais as mais-valias que o CEIT pode trazer a um território?

A aposta no desenvolvimento territorial obriga a uma multidisciplinaridade nos quadros técnicos que investigam, idealizam e executam uma estratégia de crescimento. No CEIT, dispomos de uma vasta rede de especialistas e peritos nas mais diversas áreas, tais como o desenvolvimento económico, o turismo, a cultura, o património, os territórios inteligentes, o urbanismo, a mobilidade, o ambiente, a coesão social, a governação, a estratégia, entre outras. Estas competências são validadas e asseguradas também através da nossa rede de parcerias com algumas entidades do Sistema Científico e Tecnológico nacional e internacional.
O grande desafio para o sucesso de um território é estabelecer um plano de ação efetivo e concreto que permita colocar em prática uma visão clara de desenvolvimento.

Muitas  vezes, o problema começa na dificuldade de uma autoanálise, de um diagnóstico, que sirva de ponto de partida para uma estratégia. A marca de um território é mais do que uma imagem apelativa. A nossa diversidade de quadros permite-nos apoiar toda a metodologia de crescimento, sustentada na criação de uma marca territorial que permita estruturalmente desenvolver uma identidade, elevar o reconhecimento e reforçar o seu posicionamento. É desta forma que conseguimos construir gradualmente uma vantagem competitiva e um instrumento rumo ao desenvolvimento eficiente.

O Turismo tem sido um grande motor no desenvolvimento de vários territórios, nuns mais do que noutros. Que desafios identifica nesta área?

Efetivamente, nos últimos anos, o turismo tem-se revelado como uma atividade estratégica para o desenvolvimento económico e social do país, nomeadamente através do seu contributo para a criação de emprego e para o aumento das exportações. Estávamos a apontar 2020 como um dos melhores anos de sempre em termos turísticos, com os números a superarem o histórico ano de 2019, mas a pandemia provocou uma profunda rotura neste processo de crescimento.

O que é certo é que a situação pandémica que vivemos não afetou nenhum recurso em Portugal e as competências mantêm-se. Isto faz-nos pensar que não é tempo de baixar os braços, a nossa história é escrita de persistência, força e tenacidade. Mais do que nunca, este é o momento em que devemos continuar a dar o exemplo e estar na vanguarda no que diz respeito à recuperação e conquista deste “novo mundo”.

Acho que o grande desafio dos territórios, das empresas e dos mais diversos agentes da cadeia de valor do turismo é precisamente o de se reinventarem e adaptarem aos novos  tempos. Existem hoje perfis de consumo completamente diferentes dos que existiam há um ano atrás e o mercado será cada vez mais imprevisível, mais digital, mais  fragmentado, mais exigente. Nesse sentido, considero fundamental começarmos a preparar hoje aquilo que serão as nossas bases para o futuro e olharmos com atenção para as novas tendências, como é o caso da revolução tecnológica, da personalização das experiências, do turismo de nicho e do aumento do consumo de conteúdos digitais.

Não posso deixar de destacar e alertar para o papel que as estruturas de desenvolvimento territorial devem ter também na questão da promoção e comunicação. Nesse sentido, as marcas territoriais são um ativo estratégico  fundamental para o desenvolvimento. Se há coisa que a pandemia nos mostrou foi precisamente que a localização dos territórios não é fator determinante para as aptidões, experiências e respetivas possibilidades, até porque, nesse sentido, somos o país mais rico do mundo, só precisamos de o comunicar de forma estruturada e com conteúdo.

E no desenvolvimento regional em si, quais os desafios mais urgentes? Ou que lacunas são mais urgentes
em resolver?

Neste capítulo parece-me evidente que precisamos de repensar o modelo de desenvolvimento regional. Portugal é um dos países mais centralizados da OCDE e esta centralização tem-nos custado caro em diversos projetos  estruturantes que estão completamente subaproveitados por culpa dessa mesma centralização, que não possibilita a resolução de problemas concretos e de base local.

Precisamos de reforçar as políticas de proximidade, fomentando a participação das respetivas populações e dos  agentes de desenvolvimento locais, que nos permitem planear e responder aos problemas e necessidades do território com muito mais exatidão.
É essencial haver uma correta articulação entre as políticas públicas e as agendas nacionais, de forma a construirmos um Portugal melhor para todos, mais dinâmico, mais estimulante e mais atento às necessidades da sociedade contemporânea.

O próximo quadro comunitário é uma excelente oportunidade para iniciarmos este processo de reconstrução e de estímulo à coesão territorial.

“O próximo quadro comunitário é uma excelente oportunidade para iniciarmos este processo de reconstrução e de estímulo à coesão territorial.”

 

Que iniciativas têm em curso?

Estamos neste momento a estruturar alguns projetos de desenvolvimento territorial e a protocolar parcerias com entidades nacionais e internacionais, como é o caso da Coimbra Business School, com quem desenvolvemos projetos nos vários domínios do Branding Territorial, nomeadamente através da Pós-Graduação em Branding Territorial, na qual somos parceiros desde o seu lançamento. Começámos a trabalhar recentemente com Moçambique, onde estamos a apoiar um governo distrital na construção de uma visão e uma estratégia de desenvolvimento assente na construção de uma marca territorial.

Firmámos também recentemente uma parceria com uma entidade do sistema científico e tecnológico no Brasil no sentido de fomentarmos a transferência de conhecimento entre ambos os países e estimularmos as dinâmicas de promoção transfronteiriças.
Para além destes, estamos a desenvolver outros projetos nacionais, ainda numa fase incipiente, mas que visam a estruturação e promoção territorial.

Vimos aprovada recentemente uma candidatura ao abrigo do Fundo Social Europeu que nos permitirá também trabalhar e estruturar uma marca para um produto endógeno nacional e cujo objetivo é precisamente o de trabalhar toda a cadeia de valor do produto, numa ótica de promoção integrada e complementar com aquilo que são as características distintivas do território em questão.

Que outros projetos pretendem lançar no âmbito do desenvolvimento territorial?

Estamos a poucos passos de lançar, num contexto de parceria, o maior programa de desenvolvimento de branding territorial do país, que prevê, por um lado, a capacitação dos territórios para o desenvolvimento de uma estratégia local e regional de branding e, por outro lado, a obtenção de um reconhecimento desse mesmo processo e o estabelecimento do compromisso no seu desenvolvimento estratégico e operacional.

Trata-se de uma plataforma e programa estruturado inédito para a qualificação dos territórios nos domínios do branding territorial, despertando instituições e profissionais para processos consistentes e continuados de desenvolvimento de marcas territoriais.

Entrevista cedida ao publituris.pt no dia 13 de abril de 2021

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