Marcas territoriais são motores de afirmação e desenvolvimento económico. Urge refletir sobre a forma como gerimos e planeamos as nossas aldeias, vilas e cidades.
As marcas territoriais são autênticos motores de afirmação e desenvolvimento económico. Ao longo da última década, em particular no passado triénio, marcado por uma forte instabilidade devido ao contexto político, económico e social, os territórios têm vindo a deparar-se com uma panóplia de novos desafios que, em certa parte já existiam, mas foram-se tornando cada vez mais evidentes.
Se o desenvolvimento territorial estava ancorado em soluções tão tangíveis como a criação de vias de comunicação, infraestruturas e a instalação de saneamento básico, hoje a realidade é bem diferente. Os tempos evoluíram, os problemas mudaram e as respostas terão necessariamente de ser diferentes. Neste contexto, urge refletir sobre a forma como gerimos e planeamos as nossas aldeias, vilas e cidades. Num mundo em constante globalização, marcado por uma grande dependência e sucessiva concorrência na captação e retenção de recursos, residentes, visitantes, turistas e investidores, é fulcral consolidar uma perceção positiva e atrativa do território.
Essa imagem percebida só é possível construir através de uma gestão integrada e consistente da respetiva marca territorial. Para isso, não basta desenhar um logótipo bonito, ter um perfil de Facebook ou desenvolver meros filmes promocionais. É preciso ir muito mais longe. Concretizar um novo modelo de gestão e de desenvolvimento sustentável, assente na capacidade de fazer uma leitura e um diagnóstico da realidade, traçando um caminho prático e uma visão que dê resposta, de forma clara e objetiva, às necessidades das comunidades e de tudo o que gravita ao seu redor.
Ainda que este universo científico esteja a dar os primeiros passos, já são mais que evidentes as provas do seu contributo para o desenvolvimento económico, social e cultural dos lugares. Do litoral ao interior, são vastos os exemplos de vilas e cidades que cresceram e se afirmaram por via de fortes investimentos em branding e em marketing territorial.
Alguns destes casos, municípios de baixa densidade, estão agora a colher frutos dessa consistência, através da inversão da tendência de decréscimo populacional, aumento do investimento privado e crescimento das receitas do setor do turismo, demonstrando de forma inequívoca que a coesão e as assimetrias regionais podem ser compensadas com as políticas certas.
Artigo publicado em eco.sapo.pt no dia 19 de julho de 2022