Um sábio provérbio popular refere que, “em terra de cegos, quem tem olho é rei”. Nos dias de hoje, nos territórios, mais do que “ter olho”, é preciso ter “marca”.
O século XXI tem assinalado, cada vez mais, uma nova agenda ao nível do desenvolvimento territorial. As mudanças políticas, sociais e económicas, vêm evidenciando que a evolução dos territórios não pode passar só pelas políticas do “betão”, mas, sim, pela adoção de uma nova filosofia de atuação, baseada na capacidade de mobilizar, agregar, potenciar e transformar recursos em valor acrescentado.
Neste contexto, as marcas fazem hoje parte da receita perfeita para o desenvolvimento e crescimento de um território. Devem constituir-se, primordialmente, como um instrumento de gestão que apoia na estruturação, qualificação e valorização das suas identidades, atributos e talentos.Uma marca territorial forte é aquela que olha para dentro, antes de olhar para fora. Aquela que procura satisfazer as necessidades dos cidadãos e das empresas, que estimula a interação e o envolvimento dos agentes territoriais nas iniciativas de governação, que qualifica o espaço público e que, acima de tudo, afirma, promove e salvaguarda a sua herança cultural.
Nos últimos anos, têm-se dado passos bastante profícuos neste âmbito, mas ainda há muito por fazer. Gerir uma marca territorial não é só lançar um vídeo promocional, participar numa feira, muito menos criar um logótipo. É muito mais do que isso. É uma forma de estar e um modelo de desenvolvimento estratégico que valoriza e prioriza a comunidade e o seu bem-estar. Seja um bairro, uma aldeia, uma vila, uma cidade, uma região ou um país, como diria Theodore Roosevelt, devemos “fazer o que pudermos, com o que tivermos, onde estivermos”.
Portugal é, provavelmente, o país no mundo com maior potencial por metro quadrado, e juntos podemos ir ainda mais longe. Para isso, é importante identificarmos e potenciarmos as nossas vantagens competitivas, consolidando o nosso posicionamento enquanto país de referência para viver, visitar e investir.
Artigo publicado na edição da Revista Smart Cities do dia 19 de abril de 2022